terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

GRAACC realiza transplantes de medula óssea com doadores que não são 100% compatíveis



O método de transplante, denominado haploidêntico, viabiliza o tratamento daqueles que passam meses esperando um doador

O Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer – GRAACC é um dos poucos hospitais no Brasil que realizam o transplante haploidêntico, transplante de medula óssea (TMO) de doador com apenas 50% de compatibilidade, que somente é possível quando o doador for o pai, a mãe ou um filho.
Normalmente, há três opções para realizar o transplante de medula óssea: com doador familiar, em geral totalmente idêntico; com um doador não aparentado, preferencialmente 100% idêntico; e com sangue de cordão umbilical, também total ou parcialmente idêntico. A busca por um doador, no entanto, pode demorar alguns meses e, em alguns casos, pacientes com câncer que necessitam fazer o transplante ficam na fila do banco de medula óssea por muito tempo. Isso acontece porque na população brasileira há uma enorme miscigenação de raças e, quanto maior for diversidade genética, menor a chance de se conseguir um doador compatível.
“Apesar de o Brasil ter o terceiro maior banco do mundo, a chance de se achar um doador não aparentado compatível fica em torno de um para 1 milhão. Os bancos japonês e alemão, por exemplo, são menores que o nosso, mas encontram doadores compatíveis com maior facilidade devido à pouca miscigenação”, afirma o doutor Victor Zecchin, médico oncologista pediátrico e especialista em TMO do GRAACC.
Como alternativa, há alguns anos grandes centros mundiais vem propondo a realização de transplantes haploidênticos e o GRAACC também tem seguido essa linha. Segundo Zecchin, nestes casos utiliza-se um doador com 50% de compatibilidade, preferencialmente pela mãe, em vez do pai, pois durante a gestação há passagem das células do feto para a circulação da mãe. Desta forma, ela desenvolve uma maior tolerância, minimizando os riscos de complicações graves após o transplante. Esta opção ocorre de acordo com a situação e momento de cada paciente.
O processo, que vem sendo bastante discutido internacionalmente e com resultados promissores, no Brasil está em fase de desenvolvimento. O método não elimina o risco de complicações infecciosas graves, risco de rejeição e risco da doença voltar. “Mas vale a pena mesmo tendo essa probabilidade, pois é melhor do que o paciente ficar meses esperando o doador e correndo risco de perder o momento mais adequado para ser submetido ao transplante. E, claro, existe o caso a caso, que deve ser analisado”, explica Dr. Zecchin.
A técnica foi utilizada pelo paciente Bruno da Silva Nascimento, 18 anos. Bruno descobriu que tinha leucemia em 2011 e, após cerca de um ano em tratamento, a equipe médica do GRAACC sugeriu a realização do transplante haploidêntico. Maria Edinalva da Silva Nascimento, dona de casa e mãe do garoto, foi a doadora e acreditou que seria a melhor opção naquele momento: “Foi uma fase difícil, mas as decisões foram corretas. Agradeço a equipe médica do GRAACC”. Após dois anos do transplante, Bruno leva uma vida normal.

            Sobre o GRAACC: Referência no tratamento e pesquisa do câncer infantojuvenil na América Latina, principalmente em casos de alta complexidade, e uma das mais respeitadas e bem-sucedidas instituições do País, o GRAACC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, criado em 1991, tem a missão de garantir a crianças e adolescentes com câncer todas as chances de cura com qualidade de vida. A organização é reconhecida pelos expressivos resultados obtidos na cura do câncer infantil, alcançando índices de cerca de 70%. O GRAACC tem um hospital próprio e realiza mais de 26 mil consultas, 1,6 mil cirurgias e 11 mil sessões de quimioterapia anualmente.  Com um orçamento de R$ 80 milhões anuais, atende em média 3 mil crianças e adolescentes por ano. Informações no www.graacc.org.br





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