O método de
transplante, denominado haploidêntico, viabiliza o tratamento daqueles que
passam meses esperando um doador
O Grupo de Apoio ao
Adolescente e à Criança com Câncer – GRAACC é um dos poucos hospitais no Brasil
que realizam o transplante haploidêntico, transplante de medula óssea (TMO) de
doador com apenas 50% de compatibilidade, que somente é possível quando o
doador for o pai, a mãe ou um filho.
Normalmente, há três opções
para realizar o transplante de medula óssea: com doador familiar, em
geral totalmente idêntico; com um doador não aparentado, preferencialmente 100%
idêntico; e com sangue de cordão umbilical, também total ou parcialmente
idêntico. A busca por um doador, no entanto, pode demorar alguns meses e, em
alguns casos, pacientes com câncer que necessitam fazer o transplante ficam na
fila do banco de medula óssea por muito tempo. Isso acontece porque na
população brasileira há uma enorme miscigenação de raças e, quanto maior for
diversidade genética, menor a chance de se conseguir
um doador compatível.
“Apesar de o Brasil ter o
terceiro maior banco do mundo, a chance de se achar um doador não aparentado compatível fica em
torno de um para 1 milhão. Os bancos japonês e alemão, por exemplo, são menores
que o nosso, mas encontram doadores compatíveis com maior facilidade devido à
pouca miscigenação”, afirma o doutor Victor Zecchin,
médico oncologista pediátrico e especialista em TMO do GRAACC.
Como alternativa, há alguns anos grandes centros
mundiais vem propondo a realização de transplantes haploidênticos e o GRAACC também tem seguido essa linha. Segundo Zecchin, nestes
casos utiliza-se um doador com 50% de compatibilidade, preferencialmente pela
mãe, em vez do pai, pois durante a gestação há
passagem das células do feto para a circulação da mãe. Desta forma, ela
desenvolve uma maior tolerância, minimizando os riscos de complicações graves
após o transplante. Esta opção ocorre de acordo com a situação e momento de
cada paciente.
O processo, que vem sendo bastante
discutido internacionalmente e com resultados promissores, no Brasil está em
fase de desenvolvimento. O método não elimina o risco de complicações
infecciosas graves, risco de rejeição e risco da doença voltar. “Mas vale a
pena mesmo tendo essa probabilidade, pois é melhor do que o paciente ficar
meses esperando o doador e correndo risco de perder o momento mais adequado
para ser submetido ao transplante. E, claro, existe o caso a caso, que deve ser
analisado”, explica Dr. Zecchin.
A técnica foi
utilizada pelo paciente Bruno da Silva Nascimento, 18 anos. Bruno descobriu que
tinha leucemia em 2011 e, após cerca de um ano em tratamento, a equipe médica
do GRAACC sugeriu a realização do transplante haploidêntico. Maria Edinalva da
Silva Nascimento, dona de casa e mãe do garoto, foi a doadora e acreditou que
seria a melhor opção naquele momento: “Foi uma fase difícil, mas as decisões
foram corretas. Agradeço a equipe médica do GRAACC”. Após dois anos do
transplante, Bruno leva uma vida normal.
Sobre o GRAACC: Referência
no tratamento e pesquisa do câncer infantojuvenil na América Latina,
principalmente em casos de alta complexidade, e uma das mais respeitadas e
bem-sucedidas instituições do País, o GRAACC – Grupo de Apoio ao Adolescente e
à Criança com Câncer, criado em 1991, tem a missão de garantir a crianças e
adolescentes com câncer todas as chances de cura com qualidade de vida. A
organização é reconhecida pelos expressivos resultados obtidos na cura do
câncer infantil, alcançando índices de cerca de 70%. O GRAACC tem um hospital
próprio e realiza mais de 26 mil consultas, 1,6 mil cirurgias e 11 mil sessões
de quimioterapia anualmente. Com um orçamento de R$ 80 milhões anuais,
atende em média 3 mil crianças e adolescentes por ano. Informações no www.graacc.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário